Todo chamado de Deus na vida de alguém é acompanhado de uma história que o justifica! E comigo não foi diferente!
Quando eu tinha 5 anos de idade, meu irmão e eu passamos a ser criados por nossos avós maternos, diante da difícil decisão dos nossos pais de se mudarem para os EUA em busca de uma vida melhor para todos nós.
Meus avós eram cristãos, em particular a minha avó, sempre preocupada em nos criar no Evangelho, nos dando uma educação segundo os princípios da Palavra de Deus, o que futuramente seria a minha base para tudo o que estava por vir!
Crescer longe dos meus pais não foi uma experiência agradável. Durante este período, sofri abusos psicológicos e sexuais: foi traumatizante para uma menina de 5 anos!
Em meio aos cuidados e carinho da minha avó, que era um anjo de Deus na minha vida, conheci um lado escuro da vida que é vivenciado por milhares de crianças em nossa sociedade. Foram 6 anos até que, finalmente, minha mãe retornou ao Brasil! Ah! Como eu sonhara com esse momento! O dia de ter minha família de volta! Papai, mamãe, meu irmão e eu: juntos novamente! Mas não foi assim que aconteceu… O casamento dos meus pais tinha acabado! Éramos tão jovens para entender tudo! Minha mãe voltava acompanhada de outro homem, que seria seu novo companheiro! Confesso que a separação dos meus pais não foi um assunto fácil de ser digerido: não era o que eu estava esperando! Mas uma coisa eu não posso negar, o “namorido” de minha mãe tornou-se um homem maravilhoso para todos nós!
Minha mãe desviara do Evangelho há vários anos e passar a viver com ela foi, para mim, o ingresso em uma vida no mundo e sem Deus! Por mais que minha avó estivesse sempre presente, sua influência já não era mais a mesma!
Sim, eu finalmente estava livre dos abusos fisícos. Porém os estragos em minha mente, coração e autoimagem estavam feitos! E com a chegada da adolescência, as coisas pioraram ainda mais: me conscientizar de todos esses problemas me machucava demais… E percebi que não era a única a sofrer com meus traumas, minha mãe sofria de problemas emocionais fortissímos, que a levaram ao vício da bebida, cigarro e jogos. Ainda me lembro de suas crises emocionais nas quais seus pés e suas mãos até entortavam por causa de seu sistema nervoso abalado. Eu me via sentada ao seu lado dando carinho, procurando ser forte em seus momentos de fraqueza, engolindo minhas lágrimas para que ela não sofresse ainda mais! Diante desta situação tive que amadurecer antes do tempo!
Entretanto, não pude suportar por muito tempo e, aos poucos, meu mundo foi se desintegrando! As crises de choro agora eram minhas, parecia estar ficando louca, minha infância me perturbava, a falta de perdão me consumia, meu complexo de inferioridade chegou ao ponto de eu não querer mais aparecer em público, e minha mãe ainda estava doente… Assim, aos 14 anos, fui diagnosticada com depressão profunda! Foram muitas idas e vindas a psicólogos, psiquiatras e remédios, mas nada me ajudou! O modelo de família com que sempre sonhei era apenas uma ficção, será que algum dia eu teria uma? Será que eu conseguiria realmente confiar em um homem? O amor existia mesmo? E a paz? Foi quando, sozinha, em meu quarto e aos 15 anos de idade, tive minha primeira experiência com Deus! Eu estava desesperada, a ponto de fazer uma grande besteira. Gritei: “Deus! Cadê o Senhor? Cadê o Deus que minha avó me apresentou?Você realmente existe?” E Ele me respondeu! Eu literalmente ouvi a Sua voz dentro do meu quarto dizendo… “Eu estou aqui, Eu sempre estive aqui! E Eu te escolhi: você falará e ensinará sobre meu amor, Eu te darei uma família e você lembrará deste dia, porque seu primeiro filho será uma menina!” Foi único, especial.
Pedi ajuda a Deus e Ele a enviou! Conheci uma menina na escola que me convidou a voltar aos caminhos do Senhor. Sem demora e com muita sede de Deus, parei de tomar os remédios para depressão e voltei para a Igreja, mas foi aí que minha vida virou de pernas para o ar! Minha mãe resistiu a minha decisão por Jesus e meu padrasto odiava crentes! Eles não aceitavam que uma jovem como eu largasse todos os prazeres da juventude para virar crente! Para que vocês entendam melhor, eu tinha uma vida regalada! Meu padrasto era um homem bem sucedido: tínhamos uma excelente casa, estudávamos nas melhores escolas, eu tinha as melhores roupas, participava das melhores festas e, aos 15 anos de idade já tinha ido para Cancún e para a Disneyworld! Mas eu queria Deus!!! Não frequentava mais festas, larguei certas amizades, mas só conseguia ir à Igreja porque a minha avó havia levado nossa babá para Jesus!